Cada vez mais o tema moeda digital tem chamado atenção da comunidade global de bancos centrais. A maioria deles está estudando, explorando ou testando projetos, aspectos operacionais e tecnológicos de um sistema de CBDC (“Central Bank Digital Currency[1]”).
A maior parte dos países vê nas CBDCs o potencial de melhorar a eficiência do mercado de pagamentos de varejo e de promover a competição e a inclusão financeira para a população ainda inadequadamente atendida por serviços bancários. A crise da pandemia evidenciou a importância dos instrumentos digitais de pagamentos chegarem aos segmentos mais vulneráveis e afetados da população.
No Brasil, o Banco Central lançou o “Lift Challenge” para a realização de estudos sobre a emissão de uma moeda digital pela instituição. O “Lift Challenge” é um laboratório que explora casos de uso e tecnologias que permitirão a criação da moeda digital e que tem como previsão de término entre o fim deste ano e o início de 2023, que, logo após, dará início a fase de testes de projetos pilotos, prevista para se estender até o primeiro semestre de 2024.
O Banco Central vê a CBDC brasileira como uma forma de intensificar a digitalização da economia. A ideia é que o Real Digital seja usado em ações como na elaboração dos chamados contratos inteligentes e para facilitar a prevenção às fraudes, inibição de uso de dinheiro falsificado e o rastreamento das transações e quantias usadas em casos como lavagem de dinheiro.
O real digital será uma “stablecoins”, moeda de valor estável, valendo um real, o que já a diferencia dos criptoativos, como bitcoin e ethereum, que possuem valores oscilantes. A moeda digital brasileira não deverá ser muito diferente dos “reais convencionais” que trafegam pelos servidores dos bancos e das processadoras de pagamentos, entretanto, ficará armazenado em “wallets[2]” e será transacionado entre elas, isto é, as transações não necessariamente terão de passar pelos bancos, instituições financeiras e de pagamentos, além de cooperativas de crédito.
Entretanto, com essa futura revolução nas finanças, as preocupações serão a segurança e os novos riscos que irão surgir. Como as transações financeiras serão registradas no blockchain[3], como as fraudes e lavagem de dinheiro serão evitadas, por exemplo? Ademais, há o impacto sobre o sistema financeiro e também como será a proteção dos “wallets” em casos de perda, furto e roubo de celulares e de que forma será garantida a segurança nessas situações.
Até a implementação do real digital e seu uso se tornar seguro no cenário nacional e internacional, haverá maiores discussões sobre o tema e como a sua implementação irá impactar a vida do brasileiro. Contudo, uma coisa é certa, a moeda digital não substituirá o “real físico” (pelo menos num futuro próximo), servirá para sanar os gargalos que surgiram com o aumento das transações online e para o ingressar o Brasil no cenário digital internacional.
Por: Clarisse Ribeiro - CMMM
[1] Tradução: Moedas Digitais dos Bancos Centrais
[2] Tradução: Carteira Virtual
[3] O blockchain é um sistema de registro que contém todas as transações processadas no sistema. O sistema armazena as transações de bitcoins e é imutável e 100% transparente.